sábado, maio 31, 2025

As palavras tardam

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As palavras tardam no reverso do verso.

O silêncio abriga-as e recolhidas não se soltam,

coladas à garganta, que sufocada pela inação,

não as deixa fluir.

A minha voz, cada vez mais rouca,

imperceptível, não soletra nenhuma palavra,

nem uma sílaba, uma letra sequer.

Na minha angústia brado ao vento 

que me sopre uma brisa, um novo alento,

que me deixe respirar as palavras.

Num instante os sentidos despertam.

As palavras brotam e com elas 

novos versos, novas rimas, preenchem

o meu vazio e a essência é revelada.


Texto
@Emília Simões
31.05.2025



sábado, maio 24, 2025

Permite que a luz

Fotos de stock

Permite que a luz penetre a minha sombra
e liberte os destroços que me levam à queda
nos abismos, que cruzam os meus percursos.


Permite que o meu olhar se estenda até ao horizonte
para apreciar o voo das aves
na melodia do entardecer, que acolho no meu peito.


Permite que o meu sonho se expanda ao longo daquela estrada
por onde caminho descalça e sozinha,
onde apenas procuro o pulsar de uma emoção.


Permite que seja apenas eu e o calor do teu abraço.

Texto 
@Emília Simões
24.05.2025




sábado, maio 17, 2025

A casa parece-me tão longe...

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A casa parece-me tão longe...
Partiste e deixaste-a vazia.
As andorinhas ainda fazem o ninho no beirado
e as rosas do quintal ainda lá estão perfumadas.

O meu silêncio fala-me de ti
e da casa cheia, com os risos das crianças,
e das festas que improvisavam só
para te ver sorrir.

Tudo está diferente e até o tempo
anda caótico, em alternâncias constantes,
num Planeta já tão pouco azul.

Os peixes do rio também
já não são os mesmos. A poluição matou-os.
Agora já nem lhes sei os nomes.

Quero apenas recordar o tempo
do nosso tempo, tão claro, tão transparente,
com o sol nascente e poente
a incendiar-nos os dias.


Texto:
@Emília Simões
17.05.2025

sábado, maio 10, 2025

A primavera


A primavera é feita de coisas, que não precisam de nomes.
Tonalidades diversas a perder de vista...
Pássaros a gorjear voejando em redor do ninho;
a cria espia a migalha que a mãe lhe coloca no bico.
Uma orquestra toca, suavemente, a melodia
da paz e da esperança e os insetos cirandam
à volta do néctar, que sugam com sofreguidão.
Lá longe a casa continua deserta, sombria,
cercada por muros de primaveras remotas.
Já não a reconheço, a primavera é feita de coisas
que guardo entre as minhas mãos.


Texto e foto
Emília Simões
10.05.205



sábado, maio 03, 2025

Um manto de silêncio



Um manto de silêncio envolve-me;
a minha alma submersa em penumbra
soturna, por não te encontrar.

Talvez o cansaço não me deixe respirar
a natureza, repleta de árvores a dançar
e os pássaros alegres, que voam em meu redor,
tentando despertar-me desta letargia.

Vislumbro no horizonte uma luz
que me fixa intensamente.
Talvez seja o reflexo do meu sentir
mergulhando placidamente nas cores
do entardecer.
.................................................
Anoitece e dentro de mim, sinto
o revoar de um novo amanhecer,
de uma nova esperança, que me
acorde deste silêncio profundo,
que me faça acreditar num novo rumo.


Texto e foto
Emília Simões
03.05.2025


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